Com uma equipe especializada, a secretaria presta assistência à s mulheres que procuram por ajuda, oferecendo serviços como acompanhamento psicossocial, orientação e encaminhamentos
Nesta terça-feira, 10 de outubro, é celebrado em todo o Brasil o Dia Nacional Contra a Violência à Mulher. A data serve de alerta para os casos de ataques sexuais, físicos ou verbais e levanta o debate sobre a necessidade de políticas públicas para acabar com o problema.
Lages figura entre as 17 cidades brasileiras com maior índice de violência contra a mulher. E para mudar a situação, logo no início do mandato o prefeito Antonio Ceron instituiu a Secretaria Municipal de Política para a Mulher e Assuntos Comunitários, a primeira em Santa Catarina.
Sob gestão da professora aposentada Marli Nacif, a pasta conta com uma equipe técnica especializada para prestar assistência às mulheres que procuram por ajuda, com acompanhamento psicossocial, orientação e encaminhamentos jurídicos, acolhimentos, articulação e encaminhamentos à rede pública de saúde, educação, habitação, assistência social, Conselho Tutelar, Delegacia da Mulher e Ministério Público. Todas estas instituições são parceiras nos atendimentos e resolução de problemas, investigação de denúncias e outras demandas.
Dados da Secretaria apontam que, somente entre março e setembro deste ano, 44 mulheres e seus familiares, inclusive os agressores, receberam acompanhamento e assistência.
Casa de apoio
Uma ferramenta importante no acolhimento destas pessoas é a Casa de Apoio à Mulher Vítima de Violência Doméstica de Lages, mantida pela Prefeitura. O objetivo é acolher as mulheres em situação de risco recorrente das diversas formas de violência doméstica, prestando assistência também aos filhos menores de 18 anos. As mulheres acolhidas podem permanecer na casa por até seis meses, até que a situação seja amenizada.
“Já ocorreram casos em que a mulher, mesmo depois deste período, ainda não teria para onde ir e passou a receber aluguel social por mais um tempo, pago pela prefeitura”, conta a secretária Marli.
Em 2017, cerca de dez mulheres foram acolhidas. Na Casa de Apoio, elas recebem todo tipo de auxílio como alimentação, roupas, kits de higiene, atendimentos de saúde, assistência social e psicológica, sigilo, privacidade e segurança, com guarda e rondas 24h por dia, prevenindo muitos casos de ameaças ou medidas protetivas desrespeitadas por parte dos agressores.
Atualmente, três mulheres em situação de vulnerabilidade estão acolhidas na casa. Uma delas, uma adolescente de 16 anos, está grávida de nove meses e levou ooutro filho, de um ano.
“Estamos com toda a equipe a postos, pois a qualquer momento ela pode dar à luz e precisará ser encaminhada à maternidade”, afirma a secretária.
Drogas são o principal motivo das agressões
Grande parte das queixas que chegam à Delegacia da Mulher ou diretamente à Secretaria de Política para a Mulher éde violência doméstica resultante do uso de drogas. A bebida alcoólica figura entre os principais motivos dos excessos por parte dos agressores.
Apesar da forte resistência, muitos usuários são encaminhados para tratamento por meio de parceiros como a Secretaria da Saúde, Comunidade Terapêutica (Crensa) ou para o Hospital Santa Cecília (SC). Além das mulheres e dos agressores, os familiares também recebem atendimento social.
“Em sua maioria, são famílias muito desestruturadas, e a violência vai passando de geração após geração. Por isso vamos começar um trabalho forte nas escolas, para que os meninos cresçam com outra mentalidade, valorizando e respeitando a mulher. Também é nas escolas onde se descobrem os casos de violência, até mesmo sexual contra as meninas. Isso precisa ser combatido, e os professores têm um papel fundamental nesta missão”, afirma Marli Nacif.
As drogas também trazem outro problema recorrente, que é a violência contra senhoras com mais idade. Mulheres que se deparam com filhos e netos usuários e são agredidas por eles por causa de dinheiro ou pertences posteriormente trocados por drogas.
“Soubemos de mulheres que perderam tudo o que tinham, sendo ameaçadas dentro da própria casa. A maioria sofre calada, pois não tem coragem de denunciar o familiar agressor”, conclui a secretária.