A ideia é de realizar um evento deste pelo menos uma vez por ano
A Secretaria Municipal da Saúde, através da gerência de Saúde Mental e rede estruturada de atendimento, realizou na tarde desta quinta-feira (17 de maio), no Teatro Marajoara, a I Mostra de Talentos. O objetivo do evento é de divulgar e valorizar os talentos revelados nas mais diferentes atividades realizadas nos programas, onde equipes e usuários se mobilizaram para ensaiar as apresentações com muito empenho e dedicação.
De acordo com a gerente da Saúde Mental, Janaína Schlickmann de Souza é muito importante este momento de integração dos usuários. “É gratificante para nós profissionais ver toda a dedicação deles. Os usuários estão muito ansiosos, com aquele frio na barriga de última hora, isso comprova a comprometimento de todos em mostrar trabalhos de qualidade”, disse.
A secretária municipal da Saúde, Odila Waldrich, também esteve presente na Mostra de Talentos da Saúde Mental, e destacou a rede de atendimento. “Lages está estruturada com três Centros de Atendimentos Psicossocial (CAPS), sendo o CAPSi, que atende crianças e adolescentes portadores de transtornos mentais e transtornos decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas, o CAPSad que realiza tratamento para adultos portadores de transtornos mentais decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas e o CAPS II, que presta atendimento a adultos portadores de transtorno mental severo e persistente”, explicou.
No evento os usuários do CAPSi, CAPSad e CAPS II, mostraram toda habilidade em trabalhos de desenhos, pinturas, artesanato, dança, oficina de música, poesia, musicoterapia e desfile de moda. “Hoje exaltamos cada talento aqui apresentado, reforçando ainda mais que os portadores de transtornos mentais não sejam vistos somente a partir de sua patologia, e sim considerados como sujeito de diretos, potencialidades e história de vida”, concluiu Janaína Schlickmann.
Visita especial
Quem também prestigiou a I Mostra de Talentos da Saúde Mental foi a realeza da 30ª Festa Nacional do Pinhão: rainha Andressa Bordignon e as princesas Ellen Waltrick e Caroline Ceccatto.
Um pouco da historia e evolução dos trabalhos na Saúde Mental
A loucura já foi compreendida de diversas maneiras ao longo dos séculos: já se pensou que se tratava de uma possessão demoníaca, já tentaram isolar os “loucos”, mantendo-os afastados da população, até chegarmos à lógica médica-psiquiátrica de internação. Essa lógica contribuiu para a criação dos manicômios, que davam um tratamento moral aos pacientes, isolando a doença do resto do sujeito. Enfim, esses “hospitais” se tornaram laboratórios de pesquisas com doenças e doentes e um espaço de reprodução do saber médico. Na década de 60, essas instituições eram utilizadas por grupos econômicos para a “fabricação da loucura”, com o interesse de fomentar a cronificação, mantendo a clientela, ao invés de oferecer um tratamento aos pacientes.
O tratamento dentro dessas instituições pode ser considerado como, no mínimo, desumano e insuficiente. Baseado em medicação, métodos violentos como o eletrochoque, total descaso com os pacientes, que eram deixados “às traças”, sem qualquer tipo de cuidado. Não havia o intuito de promover a emancipação do sujeito, sua autossuficiência, pois esses eram privados da liberdade e interação social.
Dia Nacional da Luta Antimanicomial
Em 1987 houve, na cidade de Bauru (SP), o Congresso de Trabalhadores de Serviços de Saúde Mental, que deu visibilidade ao movimento da Luta Antimanicomial. Esse congresso ocorreu no dia 18 de maio, por isso esse movimento é lembrado nessa data.
Surgimento dos CPAS
A partir da reforma psiquiátrica brasileira que ocorreu no ano de 2001, onde foi constituído novos modelos de cuidado em Saúde Mental, com o surgimento dos Centros de Atenção Psicossocial que são dispositivos da Política Nacional de Saúde Mental que visam a substituição do modelo hospitalar. O processo terapêutico, nos CAPS, é planejado de uma maneira que o indivíduo e sua família possam se envolver na recuperação e na superação de dificuldades, decorrentes da condição de saúde mental. É um serviço que espera a promoção de saúde mental, priorizando as demandas das relações diárias como sofrimento às singularidades deste tipo de cuidado, sendo este serviço articulado às redes de saúde, redes sociais do território e redes de outros setores.
Esse modelo utilizado pelos CAPS visa um rompimento com o modelo manicomial, constituído por ma equipe multidisciplinar como: coordenador, enfermeiro, técnico de enfermagem, psicólogo, terapeuta ocupacional, educador físico, assistente social, artesão, médico e equipes de apoio, desenvolvendo práticas de inclusão social.
Fonte: Anatomia das Palavras