A estrutura, localizada na rua Moisés Furtado nº 413, na região central, é parte integrante da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde
Fruto do fortalecimento de uma rede articulada de atendimento e cuidados às pessoas com transtornos mentais, os Residenciais Terapêuticos são casas, locais de moradia destinados a pessoas com transtornos mentais que permaneceram em longas internações psiquiátricas e impossibilitadas de retornar as suas famílias de origem.
Em Lages, o Residencial Terapêutico Tipo I, localizado na rua Moisés Furtado nº 413, na região central, com capacidade para atender até oito usuários, é mantido pela Secretaria de Saúde de Lages, sob a coordenação da Gerência de Saúde Mental. As vagas são ocupadas conforme determinação judicial. No local, os moradores podem permanecer por tempo indeterminado,enquanto contam com acompanhamento diário de cuidadores.
A casa possui, além de uma sala administrativa, da cozinha e das duas salas de convivência, outros cinco quartos, organizados conforme a demanda de moradores. Um dos cômodos é reservado para controle de medicação. O Residencial é atendido pela equipe técnica do Centro de Atenção Psicossocial (CapsII), e conta com dois cuidadores por turno de 12h/12h, e uma funcionária responsável pela limpeza do espaço.
Há dois anos, seu Garibaldi, de 62 anos, é morador do Residencial. Diagnosticado com esquizofrenia, ele ficou alguns anos internado em uma clínica psiquiátrica em outro município. Atualmente medicado e através do convívio com os demais usuários da casa, tem uma rotina tranquila, que inclui assistir televisão na sala de convivência, sentar na varada da casa e contar histórias da época em que, segundo ele, trabalhava como representante de uma editora de revistas. “SeuGariba[apelido] tem muitas lembranças. Até tentamos por diversas vezes restabelecer contato com alguns amigos e familiares, mas ainda não os encontramos”, comenta o responsável pelo Residencial, Luciano Silveira. Segundo ele, além da administração dos remédios, cuidados com a alimentação e higiene, a equipe também prioriza a interação e o bem estar entre os usuários.
Todos os pacientes que moram no Residencial são assistidos pelo Centro de Atenção Psicossocial (CapsII), localizado no bairro Pisani. Na unidade, eles recebem atendimentos individuais, participam das atividades dos grupos e das oficinas terapêuticas que acontecem duas vezes na semana. A gerente de Saúde Mental, Janaína Schlickmann de Souza, destaca que além das atividades diárias também são realizados diversos passeios com o grupo da casa e do Caps, bem como a participação em festas e eventos, com o propósito de promover a socialização e integração dos usuários.
Residências Terapêuticas: Mudança de paradigma
As Residências Terapêuticas foram instituídas pela Portaria/GM nº 106, de fevereiro de 2000, e são parte integrante da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde (MS).Esses dispositivos, inseridos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), são centrais no processo de desinstitucionalização e reinserção social dos egressos dos hospitais psiquiátricos.
As estruturas são mantidas com recursos financeiros anteriormente destinados aos leitos psiquiátricos. Assim, para cada morador de hospital psiquiátrico transferido para a residência terapêutica, um igual número de leitos psiquiátricos deve ser descredenciado do SUS e os recursos financeiros que os mantinham devem ser realocados para os fundos financeiros do Estado ou do município para fins de manutenção dos Serviços Residenciais Terapêuticos.Em todo o território nacional existem mais de 470 residências terapêuticas.
Informações: Centro Cultural Ministério da Saúde