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Lages é o terceiro município de Santa Catarina a contar com Serviço Residencial Terapêutico
11/11/2016
Imóvel está localizado na rua Maria Floriani Flores, bairro Jardim Cepar. (Foto: Sandro Scheuermann)

Objetivo é propiciar aos pacientes seu protagonismo/autonomia e a reinserção aos meios familiar e social

Ao lado de Monte Castelo e Joinville, Lages passa a oferecer o Serviço Residencial Terapêutico. O maior município da Serra é o terceiro do Estado a disponibilizar este suporte. A secretária da Saúde, Rose Cristina Possato Penso, representou o prefeito Toni Duarte e foi a anfitriã durante a cerimônia de inauguração do Serviço Residencial Terapêutico, na tarde desta quinta-feira (11), implantado em um imóvel no bairro Jardim Cepar para prestar assistência a pacientes psiquiátricos (transtorno mentais leve a grave, com grau de esquizofrenia, estabilizados por medicação) em fase de reabilitação, com o principal propósito de promover a reinserção familiar e social dos pacientes. Por enquanto dois pacientes já estão instalados: Os lageanos Alaor Barros, vindo de uma instituição de longa permanência em Florianópolis, e Edite Fernandes, que estava internada em Brusque.

O público-alvo são pessoas com problemas psiquiátricos que perderam os vínculos afetivos e familiares. No ambiente, com profissionais especializados, serão praticadas atividades interdisciplinares voltadas à saúde, educação, cultura e lazer. Sete profissionais irão compor a equipe da casa. Serão coordenador, quatro cuidadoras em escala de 12/36 horas, além de quatro seguranças/vigias. Aos pacientes serão disponibilizadas quatro refeições diárias (café da manhã, almoço, café da tarde e jantar), banho e camas. A alimentação, bem como outras contrapartidas, são custeadas pelo município, já vestuário é bancado por benefícios socioassistenciais de direito adquiridos pelos pacientes. O governo federal disponibilizou R$ 20 mil para custeio de readequação do espaço e mais R$ 10 mil mensais. A permanência na casa é por tempo indeterminado devido ao abandono/negligência ou vínculos rompidos por outros motivos. Por determinação judicial, através de notificação, os municípios devem implantar políticas públicas para que sejam assistidos dentro do município.

 

Estrutura completa

 

O imóvel, localizado na rua Maria Floriani Flores, bairro Jardim Cepar, tem capacidade para oito pacientes, conforme determina portaria do Ministério da Saúde (MS). A casa possui dois andares. No térreo há quartos masculinos, banheiro masculino, cozinha, coordenação, área de serviço, área de lazer e pátio. Na parte superior estão quartos femininos e masculinos, banheiro, quarto de cuidadores, parte de medicação e almoxarifado para guarda de itens como artigos de higiene. Através da portaria número 1.654, de 9 de setembro de 2016, o município de Lages ficou habilitado a receber o incentivo financeiro de implantação do Serviço. A implantação do Serviço é um dispositivo essencial para consolidar a rede extra-hospitalar de atenção à saúde mental através da melhoria na qualidade da assistência a esta demanda. O contato do Serviço é 3251-7956.

A secretária Rose comenta que o avanço da saúde mental são lutas e conquistas diárias de pacientes e funcionários. “Temos que promover a garantia do cuidado e a emancipação dos indivíduos. Cada serviço implantado e cada evolução são frutos de um trabalho incansável”. O coordenador Fernando Girardi, pontuou: “O Serviço funciona 24 horas por dia. A ideia é que os pacientes tenham autonomia para ir ao shopping, lojas, escolher suas compras, ir ao parque, praças”.

Rita Correia prestigiou a inauguração. Sua irmã, Edite, é uma das pacientes e é vítima de depressão e problemas com álcool. “Ela está tão bem cuidada. Gostei muito do ambiente, é muito bom, bem arejado. Aqui ela estará bem”, resume. Da solenidade participaram, ainda, o secretário da Assistência Social, Luiz Gonzaga Azzi, o juiz da Vara da Família, Alexandre Takaschima e representantes da comunidade em geral. “Lages está de parabéns. É um projeto inovador. Os mitos devem ser quebrados dia a dia. A implantação do Serviço é motivo de orgulho para todos nós”, analisa o magistrado.

 

Protagonismo e autonomia

 

A ideia está sendo viabilizada por intermédio de uma parceria entre a prefeitura de Lages/Secretaria da Saúde, e o governo federal/Ministério da Saúde. O assistente social Fernando Girardi é o coordenador do serviço. O Serviço Residencial Terapêutico contará com a parceria do Centro de Atenção Psicossocial (Caps II), do bairro Pisani, para oferecer os serviços de assistência social, psicologia, enfermagem e terapia ocupacional. Pacientes atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (CapsAD) realizaram a apresentação de músicas. O suporte e acompanhamento dos moradores do residencial terapêutico se darão através do Caps II, com visitas semanais ao serviço, além de proporcionar espaços de atividades de inclusão social, como grupos de geração de renda e economia solidária e participação em oficinas terapêuticas, buscando, junto às potencialidades oferecidas pelo território, propiciando aos moradores seu protagonismo/autonomia e sua reinserção aos meios familiar e social.

 

Reintegração

 

A consolidação da atenção à saúde mental encontra-se num processo de quebra de paradigmas e construção de novas práticas, em que se faz necessário assumir o compromisso social e buscar promover uma mudança cultural que transforme o paradigma da doença mental, de acordo com os princípios da reforma psiquiátrica e do Sistema Único de Saúde (SUS). “Neste sentido, é imprescindível que as ações a serem realizadas tenham como principal finalidade o empoderamento e a resiliência daqueles excluídos do convívio social e familiar e que sofrem com o transtorno mental”, salientou o cerimonial do evento. “A efetivação destas ações implica na substituição de antigos conceitos por novos saberes em saúde mental, no qual o sujeito não necessita viver institucionalizado e que deve ser visto e ouvido, não na condição de doente, mas na condição de cidadão de direitos e deveres”, enfatizou.

 

Avanços

 

Na ocasião, a secretária da Saúde pontuou os principais avanços nos últimos três anos, entre eles a busca dos benefícios dos pacientes, aproximação e corresponsabilidade junto à Secretaria da Assistência Social, reinserção social de alguns pacientes, Projeto Terapêutico Singular nos três Caps’s, avaliação multiprofissional, Caps com portas abertas/acolhimento, protocolo da saúde mental na Atenção Básica, fluxo de encaminhamento/referência e contrarreferência, aproximação com o Poder Judiciário, evolução significativa sobre os internamentos, ativação do Conselho Municipal Anti-Drogas, efetivação do serviço de desintoxicação com redução da lista de espera para internação e da demanda no Pronto-Atendimento, mapeamento dos pacientes por área, grupos focados na terapêutica e não na quantidade, efetivação dos grupos de família, disponibilização do horário noturno para pacientes trabalhadores e judiciais.


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