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Prefeitura inaugura laboratório focado na erradicação da brucelose e tuberculose animal
05/06/2019
Nathalia Lima

O objetivo principal é beneficiar pequenos e médios pecuaristas, principalmente os produtores de queijo serrano 

Consideradas doenças erradicadas na década de 70, focos de brucelose e tuberculose em rebanhos catarinenses foram encontrados recentemente, o que deixa em alerta autoridades ligadas ao setor. Com esta preocupação, o Município de Lages dá um grande passo inaugurando o primeiro laboratório da região serrana credenciado pelo Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal. O laboratório foi implantado no Centro de Controle de Zoonoses e a solenidade aconteceu nesta segunda-feira (3 de junho), contando com a presença do prefeito Antonio Ceron, do vice Juliano Polese, autoridades locais e representantes das Comunidades Rurais Organizadas (CROs).
Tanto a brucelose quanto a tuberculose animal, com grande incidência em bovinos, são doenças infecto-contagiosas e podem acometer humanos, se não forem tomadas medidas de prevenção. 
Para o prefeito Ceron, este foi mais um avanço significativo para que Lages seja referência no controle deste tipo de zoonose. “Santa Catarina já foi reconhecida como o único Estado livre da febre aftosa, um fato inédito ao provarmos para o mundo que aqui era diferente. Queremos continuar avançando e garantindo produtos de qualidade para o consumo”, lembra. 
A implantação do laboratório foi através da parceria entre a Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca e a Secretaria Municipal da Saúde, com recursos próprios da prefeitura. O local recebeu todos os equipamentos e está apto para realizar exames que apontarão a incidência das duas doenças nos animais. Será realizado o Teste de Soroaglutinação com Antígeno Acidificado Tamponado (AAT), para o diagnóstico da brucelose, e a tuberculinização para a tuberculose, (substância reagente é injetada sob a pele do animal e após 72 horas efetua-se a leitura da reação inflamatória).
O foco principal é beneficiar pequenos e médios pecuaristas, principalmente os produtores de queijo serrano. “Nossa intenção é garantir que as famílias estejam consumindo um queijo de qualidade, livre de qualquer agente infeccioso, pois é um produto feito com leite não pasteurizado. O objetivo é impedir que essas doenças cheguem aos seres humanos e prejudiquem a saúde da população”, comenta o médico veterinário da Secretaria da Agricultura e Pesca, Thiago Henrique Cordeiro. 
Para conseguir a realização dos exames gratuitamente, os produtores devem se deslocar até a Secretaria da Agricultura com a relação de animais a serem examinados e solicitar o atendimento. Os próprios técnicos da secretaria irão até a propriedade rural aplicar os testes a fim de obter os diagnósticos. 
Os animais infectados serão encaminhados à Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc/Lages) para as devidas providências, que geralmente é o descarte do animal.

Doenças causam prejuízos aos proprietários

Na pecuária leiteira a brucelose é causadora de abortos, repetições de cio, nascimentos prematuros e queda na produção de leite. Ela gera prejuízos econômicos significativos relacionados à diminuição da eficiência do rebanho.
A tuberculose, apesar de ser mais comum em rebanhos de leite, pode acometer aves, suínos e animais silvestres. É uma doença silenciosa, mas igualmente impactante, pois os animais começam a apresentar redução no ganho de peso e no volume de leite produzido. Trata-se de uma doença incurável e a principal via de transmissão é pelo ar e contato com a saliva.

Campanha contra raiva 

A raiva é uma infecção viral mortal transmitida para seres humanos a partir da saliva de animais infectados, geralmente por uma mordida. Tem o morcego como transmissor para os mamíferos. 
Em Santa Catarina foram detectados focos da doença em alguns rebanhos, nos municípios de Curitibanos, Campos Novos e Lontras. Uma campanha de conscientização sobre a importância da prevenção através da vacinação dos animais foi deflagrada no Estado. A vacina é de responsabilidade de cada produtor e pode ser encontrada facilmente em casas agropecuárias e custam em média R$ 0,80 a 1 real cada.
A vacinação ainda não é obrigatória, sendo apenas necessária no entorno do foco encontrado, mas a prevenção continua sendo a única ferramenta de erradicação da doença. “Somos parceiros nesta campanha para que os produtores se engajem na prevenção, vacinando seus animais. Foram encontrados casos positivos muito próximos, então não será difícil a raiva chegar a Lages. É uma doença grave, que na maioria dos casos leva à morte dos animais e pessoas infectadas”, aponta o médico veterinário da Cidasc e coordenador da Defesa Sanitária Animal do Departamento Regional de Lages, Bernard Borchardt.

Texto: Aline Tives

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