Para se ter ideia, em janeiro, 30 pessoas faltaram à s consultas oftalmológicas
Um dos assuntos recorrentes diante da recente tomada de governo pelos novos gestores dos municípios brasileiros compreende o aperto de cinto das contas públicas. As despesas estão altas e a arrecadação não condiz e nem alcança os gastos. Em Lages, a realidade está equiparada a do restante do território nacional e se torna ainda mais grave quando há desperdício de recursos por parte de cidadãos que agendam suas consultas médicas especializadas a serem prestadas na Policlínica Eneo Pacheco de Andrade e acabam se ausentando de seu compromisso.
O Município disponibiliza 18 especialidades e em todas está havendo deserções. Para se ter ideia, em janeiro, 30 pessoas faltaram às consultas oftalmológicas. Os recursos para custeio de consultas e exames são inteiramente próprios do Município, não são vinculados ao governo do Estado ou ao Ministério da Saúde. O valor mínimo pago por uma consulta especializada é de R$ 30.
A Secretaria Municipal de Saúde informa a alarmante estatística de que do total de consultas marcadas, 20% ficam vazias devido ao não comparecimento do paciente. O número se repete quando se trata dos exames laboratoriais e de raios-X, porém, um pouco diferente; é que quando realizados, são abandonados nas clínicas e nos hospitais. A responsável pela pasta, Odila Waldrich, lamenta o comprometimento falível da comunidade.
O agendamento acontece entre três e quatro dias de acordo com a demanda. Normalmente, o paciente é comunicado 24 horas antes da consulta para que não haja esquecimentos. “É preciso se organizar. Basta um bilhetinho em algum lugar bem visível da casa, ou um aviso no celular. Nossa missão é prestar um serviço de qualidade, mas contamos também com o apoio da população.” Os faltosos terão sua próxima consulta agendada a partir de no mínimo trinta dias. A atitude busca movimentar a fila. Dependendo da especialidade, voltará ao final da lista. O mesmo problema ocorre nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), onde há omissões significativas, truncando o atendimento clínico geral. Nestes casos, o quantitativo é menor perante o da Policlínica. Contudo, é possível fazer encaixes, algo complexo de se fazer na Policlínica.
14 mil
E a administração municipal liderada pelo prefeito Antonio Ceron e o vice, Juliano Polese, se depara com um entrave de ainda maior proporção: a fila de espera por uma consulta especializada, na qual se esbarram 14 mil pessoas. “A falta à consulta é algo que nos entristece e nos preocupa. Há casos em que a pessoa aguarda há um ano por uma oportunidade e assim que o profissional da Unidade Básica de Saúde marca o atendimento, o paciente fica sabendo porque é avisado da data e local específicos.”, queixa-se a secretária da Saúde, alertando sobre os dois principais transtornos causados, entre tantos, o desperdício de dinheiro público, uma vez que a consulta já foi paga e o médico já está à disposição, e a evolução de uma fila que deveria estar menor. “Pois o paciente que poderia ter sido chamado no lugar daquele faltoso, não foi acionado”, complementa Odila Waldrich.
Sete mil aguardam por consulta com oftalmologista
Um dos maiores gargalos da Saúde consiste na demanda de consultas represadas desde 2012, se agravando nos dois últimos anos. Do total de 14 mil pessoas no atraso de atendimento em uma das 18 especialidades médicas, sete mil são de oftalmologia. Em seguida estão ortopedia, cardiologia, psiquiatria e neurologia. Não há psiquiatra disponível por enquanto, porém, a pasta está em contato com um médico de fora para contratação, e sobre os neurologistas, a Saúde está em conversação com três profissionais para ingressarem neste serviço via Sistema Único de Saúde (SUS). Falta, ainda, na Saúde, profissional proctologista.
Mutirão
Um mutirão de consultas será iniciado em março e a meta é desafogar duas mil consultas por mês. Profissionais estão telefonando para pacientes com a finalidade de averiguar a real necessidade do atendimento. “Algumas destas pessoas desistiram da consulta ou procuraram médico de outra forma, em outra cidade. Estamos informando e conversando com a população para sensibilizá-la de sua responsabilidade sobre a importância de seu comparecimento para avaliação”, conclui a secretária da Saúde. Os pacientes devem entrar em contato com a sua Unidade de Saúde de abrangência para esclarecer dúvidas.
Exames esquecidos
O mesmo aconselhamento está estendido aos pacientes subordinados a exames laboratoriais e outros, como raios-X. O gasto é de R$ 300 mil por mês com laboratórios. Cerca de 20% dos pacientes não buscam o resultado, provocando o desperdício de recursos, bem como a falta de diagnóstico e consequentemente, de tratamento e possível cura. A demora em apanhar o exame influencia diretamente na sua validade. Nenhum laboratório tem obrigação de guardar um exame por mais de uma semana. Raios-X são armazenados por até um mês devido à dificuldade em manter estes exames arquivados.