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Saúde na Estrada realiza ação e foca no bem estar do caminhoneiro
22/02/2017
Texto: Aline Tives / Ascom PML / Fotos: Carlos Alberto Becker

Um dos fatores que mais preocupam os profissionais de saúde é o sedentarismo aliado à  alimentação desregrada e ainda o estresse do dia a dia na estrada, que aumenta muito o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e pressão alta, silenciosas, mas de extremo risco

O programa “Saúde na Estrada”, uma iniciativa da distribuidora de combustível Ipiranga, realizada em todo Brasil, chegou a Lages. Nesta quarta (22) e quinta-feira (23), das 8h30 às 17h, as ações estão concentradas no Posto Ampessam, BR-116, bairro Cidade Alta. A Secretaria Municipal da Saúde é parceira do projeto e participa das atividades, levando toda a estrutura necessária para a realização de exames gratuitos e orientações aos motoristas de caminhão.

Eles são abordados na rodovia pelos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que também é parceira nesta ação, para que se aproximem dos estandes montados e sejam atendidos. No primeiro dia, somente no período matutino, mais de 200 caminhoneiros passaram pelos atendimentos.

Primeiro eles são direcionados a assistir uma palestra promovida pela PRF e, depois de cadastrados, passam por exames como teste de glicemia, aferição da pressão arterial, vacinas, teste de visão, parte de odontologia, cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC) e passagem pelo Espaço Zen, onde recebem serviços de massagem, cortes de cabelo e barbearia. Também são orientados sobre as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), inclusive com a distribuição de preservativos, tabagismo e o uso de drogas ilícitas.

João Luiz Ribeiro Moraes, de Lages, um dos contemplados com o corte de cabelo, exibia um sorriso no rosto por estar cuidando da vaidade, em meio às turbulências do seu dia a dia de caminhoneiro, que sai cedo de seu ponto de partida e corre contra o tempo para chegar. Com 42 anos de estrada, viaja pelo Brasil e mal consegue dar uma paradinha de vez em quando. “Achei excelente a iniciativa. Parei para abastecer e fui abordado. Só assim consigo cuidar um pouco mais de mim mesmo”, afirma.

Outro veterano nas estradas, com 14 anos de profissão, o lageano Claudio Adão Souza de Liz conta que este é o quarto ano consecutivo que participa do “Saúde na Estrada”. “É importante se conscientizar, cuidar da saúde e estar atentos a isso”, diz.

Poucas horas de sono, sedentarismo e desnutrição preocupam

As pessoas cadastradas e atendidas têm seus dados de saúde coletados durante os eventos e são acompanhados por meio de um sistema de informação exclusivo, que mantém o histórico de atendimento, comparando os resultados dos exames com os anos anteriores. Este sistema possibilita traçar um panorama das condições de saúde do público da estrada, formada, em sua maioria por caminhoneiros.

Para Sara Duarte, integrante do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), vinculado à Secretaria da Saúde, estes são dias de conscientização. Um dos fatores que mais preocupam quanto à saúde dos caminhoneiros é o sedentarismo aliado à alimentação desregrada e ainda o estresse do dia a dia na estrada, que aumenta muito o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e pressão alta, que são silenciosas, mas de extremo risco. Alguns têm peso corporal normal, mas com estrutura muscular fraca, com deficiências na parte nutricional, pouca ingestão de proteínas e falta de exercícios físicos.  “Explicamos sobre a importância de eles pararem o caminhão e, enquanto carregam, fazerem uma caminhada de meia hora e procurar as praças de atividades físicas pelas cidades por onde passam”, orienta Sara.

A principal queixa dos caminhoneiros é a falta de tempo para cuidarem da própria saúde, muitas vezes pela pressão em que vivem para entregar a carga dentro dos prazos estipulados. Alguns participantes da ação são alertados sobre problemas graves, que nem eles mesmos sabiam. “Teve um senhor que medimos os índices de sua glicemia e estavam altíssimos, com 417 mg/dl, sendo que o normal é 100 até o café da manhã e 140 depois do almoço. Ele já é considerado diabético e precisa urgente ser encaminhado para o tratamento”, alerta a psicóloga do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Gilmara Cascaes.

As poucas horas de sono também afetam a saúde destes profissionais. Em um dos depoimentos, um caminhoneiro contou que dorme apenas três horas por dia. “Ele apresenta uma aparência muito envelhecida, aparentando ter o dobro da idade. Mas diz que não tem tempo, pois precisa sustentar a família. Outro confidenciou que tomou durante sete anos o chamado arrebite, para não dormir ao volante e perdeu muito peso. Hoje, depois de alguns anos de desintoxicação, ainda não consegue dormir sem o uso de remédios e também não recuperou sua musculatura perdida. São situações complicadas, mas que precisam de atenção e tentar encontrar alternativas”, acrescenta Sara.

Atendimento Brasil a fora

A estimativa do “Saúde na Estrada”, neste ano, é beneficiar mais de 40 mil caminhoneiros. Durante o programa, serão realizados 141 eventos em 71 postos de diferentes Estados e regiões do país. Em 2015 contou com mais de quatro mil voluntários, entre profissionais da saúde, policiais rodoviários e estudantes.

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